Um ciclo se encerra e abre-se um rio de possibilidades. Foi esse o sentimento que atingiu quem participou na manhã dia 12/09, na sede da Cáritas Diocesana de Crateús (CDC), do Seminário de Encerramento do Projeto “Educação Contextualizada no Sertão do Ceará”. O projeto foi realizado pela CDC nos últimos dois anos, com patrocínio da Petrobras.

Foram contemplados com as ações do projeto os municípios de Ipaporanga, Independência, Quiterianópolis, Tamboril e Nova Russas. Ao todo foram beneficiados diretamente 5.271 educandas e educandos, de 71 escolas, foi garantida formação e acompanhamento pedagógicos sistemáticos a 476 educadoras e educadores.

A grandeza desses números só não é maior do que a repercussão nacional, especialmente no Semiárido, que esse novo modo de ser nas escolas vêm causando. Só nos últimos dois anos foram realizados dois intercâmbios de caráter nacional. Há três teses de doutorado em construção abordando a Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido experiênciada na região cearense dos Inhamúns-Crateús,

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para além disso, “a certeza de que não é possível retroceder depois de tudo que vivemos nos dá a convicção de que queremos continuar mesmo após o encerramento do patrocínio”, avaliou Clema Fernandes, educadora de Independência. Uma das testemunhas da verdadeira revolução no ensino público do campo nas localidades beneficiadas.

Outro legado que a parceria com a Petrobras deixa são unidades produtivas, que servirão de laboratório permanente aos municípios. Foram construídos em cada município um ecociclo, um viveiro de mudas, uma casa de sementes e foram mapeados mais de 60 olhos d’água na região semiárida mais extrema do Ceará.

“Os canteiros que temos hoje nas escolas enchem os nossos olhos e servem de incentivo à educação”, pontuou Dina Raquel, coordenadora da proposta pela Secretaria Municipal de Educação em Nova Russas, município em que a Educação Contextualizada já é política pública, após ser o primeiro município do estado a aprovar projeto de lei com essa temática. Tamboril foi o segundo. E até o final do ano, pelo menos Quiterianópolis e Ipaporanga devem seguir o mesmo passo.

“Uma vez incorporado em nós, até no modo da gente respirar a gente passa o conhecimento. Então que a educação continue. Não só no quadro, no lápis e nos cadernos, mas fundamentalmente em nossos corações. Então que a educação Contextualizada continue”, provocou a irmã Francisca Erbenia de Sousa, coordenadora da Cáritas. Depois ela mesma anunciou o plano de continuidade.

“Vamos criar uma escola permanente de formação, que mensalmente capacitará educadoras/es, coordenadoras/es, técnicos das secretarias de educação e gestores municipais, para continuarmos assumindo esse compromisso que já existia antes do patrocínio da Petrobras e continuará agora que conseguimos ampliar essa ciranda”, concluiu.

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OUTROS AVANÇOS

  • Participação efetiva na elaboração dos Planos Municipais de Educação;
  • Liberação de profissionais e disponibilidade para acompanhamento pedagógico das ações nos municípios;
  • Equipe de assessoria constituída de educadores/as do próprio município que se identificam com a proposta;
  • Participação ativa na RESAB;
  • Intercâmbios para troca de saberes e experiências;
  • Elevação do nível de aprendizagem dos(as) educandos (as), comprovado pelas avaliações externas (SPAECE);
  • Maior aproximação da família a escola;
  • Diálogos sistemático e permanente com os gestores municipais na garantia de políticas públicas;
  • Fortalecimento das práticas agroecológicas;
  • Inclusão dos pais na comercialização por meio do PAA, PNAE e Feira Municipal e Regional;
  • Redução dos índices de desmatamentos, queimadas e uso de agrotóxico;
  • Uso da água de forma consciente e responsável;
  • Resistência à Mineração em Ipaporanga

ALGUNS DESAFIOS

  • Não renovação do patrocínio da Petrobras;
  • Aprovação da lei nos municípios de Quiterianópolis;
  • Sistematizar os materiais e as pesquisas realizados nas escolas;
  • Reconhecimento dos avanços alcançados nas escolas que não são mensurados pelo MEC;
  • Integrar os diversos canais das redes sociais das escolas;
  • Tornar de conhecimento público os avanços da proposta para a população local em geral;
  • Falta de compromisso com a proposta por parte das secretarias de educação de Nova Russas e principalmente a de Independência;

Continuar a resistência contra a mineração em Ipaporanga;

Por Eraldo Paulino, comunicador popular da Cáritas Diocesana de Crateús