“A juventude é o Sacramento da Novidade” (Pe. Hilário Dick)

Com a urgência de quem está apaixonado, com a alegria de quem sente a vida com um abraço, com a força de quem quer viver a vida plenamente, jovens de várias comunidades, periferias e o mesmo sonho de um mundo melhor e possível reuniram-se no último fim de semana (19 e 20/09), durante o I Encontro da Juventude do Campo e da Cidade do Território dos Inhamuns Crateús. Em parceria com o Projeto PIAJ (Programa Infância, Adolescência e Juventude), realizado pela Cáritas Brasileira Regional Ceará e a Kinder, promoveram a atividade com forte teor político e libertário o MST, Levante Popular da Juventude, Rua, Pajeu, Efa Dom Fragoso, Cáritas de Crateús, PJR, PJ, Fetraece Regional Crateús e Grêmio Estudantil do IFCE.

“Foi muito bom poder estar ao lado de tantas organizações diferentes, mas que têm o mesmo objetivo de lutar pelo direito das juventudes”, argumentou Thiago Rodrigues, coordenador do Levante Popular da Juventude de Crateús. No primeiro momento do encontro houve um debate sobre a conjuntura atual, facilitado por Miguel Braz, da coordenação estadual do Levante, Estevania Ferreira, coordenadora da Frente Social Cristã e professor Tony Dantas, do IFCE – Campus Crateús. Em seguida, a tarde, foram realizadas rodas de conversas temáticas, de onde surgiram propostas de ação para serem assumidas pelo coletivo de organizações.

Houve debate sobre comunicação e opressões; educação e política; e cultura, esporte e lazer. Entre os vários gritos emanados das e dos jovens, houve destaque para o repúdio aos rumos da política no Brasil, especialmente em relação à forma como o Governo vem cortando verbas das trabalhadoras e dos trabalhadores do campo e da cidade. “Que os ricos paguem pela crise e não a classe trabalhadora”, protestou Leo Mota, articulador da PJR. Outros clamores que merecem destaque foi o por cultura, esporte e lazer. Segundo as juventudes presentes, não é possível pensarmos a longo prazo o fim da violência, que extermina milhares de jovens anualmente sem, oportunidades de envolvimento desse público, especialmente os que estão em situação de risco, em projetos e ações que engrandeçam a alma e o corpo.

Durante a mística final, membros das diversas entidades presentes lavaram os pés de representantes das juventudes exterminadas e/ou oprimidas no Brasil

 “Eu sou homossexual desde que nasci. Eu tenho o mesmo direito que qualquer um de viver plenamente”, pontuou Jardel Ferreira, militante do Levante. Segundo ele, apenas o preconceito deve ser condenado, e não a pessoa que é diferente. As juventudes manifestaram a necessidade de se promover debates mais aprofundados sobre todas as formas de opressão, estratégia necessária para reagir a onda conservadora empoderada no Congresso Nacional mais conservador dos últimos tempos. “É importante que a juventude não se cale diante dos adultos que tentem dizer a ela o que fazer, referente a qualquer assunto. Ela precisa se formar e agir de forma organizada para superar as dificuldades”, ponderou Adriano Leitão, coordenador da Cáritas de Crateús.

Também foram realizadas oficinas de teatro, dança, capoeira, batuque e artesanato. Parte das produções destes espaços foram apresentados na Noite Cultural, que contou ainda com a animação da banda de rock local “Take me out”.

ENCAMINHAMENTOS

O principal encaminhamento do encontro foi manter a continuidade dos debates numa comissão permanente de juventudes do território, que ainda precisa ser batizada e melhor articulada. A primeira reunião pós-encontro será no dia 14 de outubro, na sede da Cáritas. Entre as ações propostas está a de fazer de 2016 o ano de promover debates sobre comunicação e opressões; e realizar um amplo diagnóstico sobre a juventude do campo e da cidade do território ainda a partir deste ano, como ferramente pedagógica e de luta de classe e pelo direito das/os jovens.

Outro ponto bastante destacado para se ter continuidade é o respeito ao protagonismo juvenil e a liberdade que precisa ser conquistada com responsabilidade e ousadia pela juventude. Seja o que for a comissão que se formará, seja qual for a atividade, as juventudes terão voz, independente de raça, credo, orientação sexual ou afinidade político/partidária. “O que nos separa é muito pouco diante da causa muito maior que nos unifica”, concluiu Miguel Braz, do Levante.

Por Eraldo Paulino, comunicador popular da Cáritas Diocesana de Crateús.