Olhando de longe qualquer pessoa pode perceber a beleza de uma colcha de retalhos, mas é preciso olhar de perto a engenhosidade das costuras, discretas e precisas, fiéis no propósito de unir cada parte, sem com isso deixar de garantir a beleza da peça pela delicadeza de cada ponto. Olhando de perto a gente tem noção de que é preciso muitos recortes de tamanhos e cores imprecisas para aquilo ser belo como é. Foi no sentido de se permitir ser olhada de longe, mas também de perto que a Cáritas Diocesana de Crateús (CDC) apresentou na última sexta (27/11) a culminância de um ano celebrativo, cujo lema foi “Tecendo Solidariedade, a serviço da vida”, em memória dos seus 10 anos, durante a Assembleia Anual, realizada no auditório da sede desta entidade.

E como não poderia deixar de ser, numa história tecida por muitas mãos, à partir do sonho de que todas e todos tenham vida em plenitude (Jo 10,10), várias atores e atrizes que compuseram a tecitura dessa memória fizeram questão de dar seu testemunho de como foi importante o ressurgimento desta entidade na última década, depois de outras experiências anteriores ao longo dos 51 anos da Diocese de Crateús. Nas palavras de Dom Ailton Mennegussi, bispo desta igreja particular: “Agora estamos celebrando 10 anos deste novo rosto da Cáritas Diocesana aqui em Crateús. E eu acredito que o futuro nos pede continuidade e dinamismo”. Segundo ele, devem ser continuadas muitas ações que foram pensadas e foram implementadas [pela CDC] nessa região, e que muita gente toma também como modelo pra outros lugares, poque alguns projetos nunca deixarão de ser fundamentais.

A Missa foi presidida por Dom Ailton e concelebrada por padres Géu (ex-presidente da CDC) e Helton (Atual presidente)

A ASSEMBLEIA

Presidida por Dom Ailton, Assembleia Anual foi iniciada por Celebração Eucarística, com a presença de representantes das entidades membro, paróquias, Cáritas Regional Ceará, organizações parceiras e lideranças de comunidades acompanhadas de praticamente todo o Território Inhamuns/ Crateús, além da coordenação regional da Comissão Pastoral da Pesca. Um dos momentos mais emocionantes da Santa Missa foi protagonizada pelo contador de histórias e ex-agente Cáritas Marcio Elias, que numa performance irretocável resumiu a ação da CDC em favor dos excluídos nesta primeira década com versos e prosa.

Em seguida foi exibido documentário sobe a primeira década da Cáritas de Crateús, para em seguida, ao vivo, serem apresentados diversos testemunhos das ações desta organização católica no campo e na cidade, seja na área da Convivência com o Semiárido, da relação com as Pastorais Sociais, da Educação Contextualizada, dos Planos de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS). Também foi ciada a qualidade e o cuidado no acompanhamento aos diversos grupos e a perspectiva para o futuro à partir da presença cada vez mais marcante do voluntariado no tecer de ações solidárias da Cáritas para o futuro.

Prestação de contas dinamizadas

No segundo momento, como de praxe nas assembleias da Cáritas, foi apresentado balanço financeiro do ano anterior, no caso, 2014. Contudo, dessa vez a dinâmica foi conduzir cada participante para apresentações temáticas por projeto, para que cada um e cada uma pudesse ver a aplicabilidade dos recursos e ao mesmo tempo poder interagir, questionar e até discordar disso de forma mais transparente, empoderada e descentralizada.

“Durante todo o ano de 2015 nós fizemos um caminho celebrativo, participando das festas de padroeiro, mas também nos abrindo para um profundo processo de escuta, do qual sintetizamos nossa perspectiva para os próximos 10 anos”, explicou a irmã Francisca Erbênia Sousa, coordenadora da CDC. Segundo ela, as ações já consolidadas da Cáritas foram reafirmadas como positivas na construção de um mundo melhor à partir das comunidades desta região, “mas também percebemos um forte apontamento para o voluntariado, organização pela qual agora pretendemos gastar nossas energias”, comentou.

Após o percurso feito, todas e todos retornaram ao auditório para a validação, que foi feita de forma unânime. Finalmente, padre Helton, atual presidente da CDC animou a oração final à partir da reflexão sobre a necessidade de “jogarmos as redes em águas mais profundas” (Lc 5, 1-11). Segurando uma rede tecida artesanalmente, cada participante fez votos de que no tecido do que é ser Cáritas, do que é ser solidariedade, continue sendo uma costura de vários sonhos, de várias comunidades, da parceria com diversas organizações, neste retalho de potencialidades e resistências que é o Semiárido.