Na sexta-feira passada, 15, foi entregue uma caixa d’água para os catadores e as catadoras de materiais recicláveis que trabalham e/ou residem no lixão de Crateús. A ação foi possível graças a recursos conquistados a partir de uma campanha de solidariedade promovida pela Cáritas Diocesana de Crateús, em parceria com a Paróquia Senhor do Bonfim, com fundamental colaboração de movimentos sociais da cidade.

A implementação do reservatório amenizou a falta de água potável dentro do lixão, um dos tantos desafios que cada dia ameaçam a vida da categoria dos catadores e catadoras. “Estou muito feliz, agora temos água para beber e cozinhar”, comemorou Francidalva Ribeiro de Souza, que ao longo da sua vida, sustentou oito filhos trabalhando no local.

Segundo ela, as condições de trabalho das pessoas que separam material reciclável são péssimas: “Aqui, não temos coisa nenhuma que nos protege. Nós vivemos nos cortando, porque não temos luvas nem botas. Calçamos com sapatos velhos que a gente acha no lixo, vestimos roupa velha”, conclui Francivalda.

POLÍTICA NACIONAL DE RESIDUOS SÓLIDOS

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado, o Ceará tem hoje aproximadamente 300 lixões. Pelo que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, lei nº 12.305/10), todos eles deveriam ter sido substituídos por aterros sanitários desde agosto de 2014, mas até há apenas oito aterros.

”Em todo o estado do Ceará tem lixões completamente irregulares, sem o menor respeito ao meio ambiente e com pessoas trabalhando neles sem o devido amparo”, comenta Ir. Erbenia de Sousa, coordenadora da Cáritas Diocesana de Crateús. Ela faz um apelo às instituições políticas locais: “A prefeitura, além de cumprir a Lei dos Resíduos Sólidos, deveria investir na coleta seletiva e dar a devida atenção às catadoras e aos catadores de material reciclável, pois a categoria desenvolve um trabalho fundamental ao meio ambiente e ainda não é valorizada devidamente”.