Uma roda de mulheres de mãos dadas, no meio do círculo o colorido de estandartes com fotografias de mulheres que inspiram a luta pela equidade. Em sincronia, os pés davam um passo à frente e outro atrás, como a maré, fazendo a roda girar. De longe se escutava “Eu vim do corpo da minha mãe, ela me deu semente boa. Nutriu meu corpo, espalhou bênçãos. Sou plantadeira de semente boa”. Foram estes versos que entoaram a ciranda, momento de mística e abertura do Fórum de Mulheres do Semiárido e Região Norte da Rede Cáritas, que aconteceu nos dias 05 e 06 de junho, em Crateús (CE).

O encontro integrou a programação da 15ª Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária e foi mais um importante passo na construção coletiva de uma Política Nacional de Ação com Mulheres. Outro encontro similar ocorre em julho, em Santa Maria (RS) na 26°edição da Feira Mundial de Economia Solidária, que reunirá mulheres da região sul e sudeste do Brasil. Os momentos antecedem o Encontro Nacional de Mulheres, que acontecerá durante a 24ª Assembleia da Cáritas Brasileira.

“Devemos estar nos espaços de definição e construção e assumindo nosso objetivo central da missão, que é a construção do Bem Viver. As mulheres estão se organizando e pautando a Cáritas Brasileira no sentido de nos reconhecer e nos afirmar enquanto sujeito importante na construção desse bem viver”, explica Regilvânia Mateus, coordenação colegiada do Ceará e integrante do GT de Mulheres da Rede Cáritas.

Programação – O encontro foi iniciado com uma mesa de análise de conjuntura sobre a redução de direitos e os impactos sobre a vida das mulheres, economia solidária, convivência com o semiárido e Bem Viver. Em seguida, foi exibido o documentário Sem Medo de Ser Mulher, que resgata a trajetória de empoderamento de mulheres da Bahia e Sergipe.

Houveram três oficinas temáticas, onde foram partilhadas experiências desenvolvidas pelos regionais e pelas entidades membro na área de mulheres e mundo do trabalho, políticas públicas e enfrentamento à violência.

Um momento de reflexão sobre a reconstrução do lugar da mulher na rede Cáritas mundialmente, na América Latina e Brasil, trouxe importantes elementos para apresentação de um instrumental, que subsidiará um diagnostico da rede e apoiará a construção da política Nacional de Ação com Mulheres.

Através das partilhas e discussões foram assumidos compromissos a curto, médio e longo prazo pelos regionais, a exemplo da continuidade de intercâmbios temáticos, a garantia de formação sobre equidade de gênero para crianças, adolescentes e jovens e o fortalecimento das articulações com os movimentos de mulheres e a incidência  nos espaços políticos.

Histórico – A Cáritas Brasileira tem uma trajetória marcada por uma forte presença feminina e pelo fortalecimento da mobilização, organização e formação política e de defesa dos direitos das mulheres, visando uma incidência qualificada nos espaços de proposição, controle e garantia de direitos. Desde os anos 90 a rede tem realizado encontros com o objetivo de sensibilizar homens e mulheres para uma maior compreensão da realidade da mulher, percebendo as experiências já existentes na rede, construindo compromissos e estratégias para o futuro.

Por: Morgana Damásio

Fotos: Monaiane Sá