Na manhã de hoje, 28/04, a Greve Geral que sacudiu o Brasil teve um grande eco em Crateús, uma cidade reconhecida pelo histórico de lutas. O maior ato dos últimos anos na cidade, onde manifestação faz parte da rotina, diz muito do quão a classe trabalhadora está revoltada com os ataques aos direitos conquistados. A manobra do capital, obedecida fielmente pelo governo ilegítimo de Michel Temer e pela maioria do congresso nacional (composto em grande parte por bandidos) são prova de que o modelo falido do processo eleitoral brasileiro tem colocado, legislatura após legislatura, representantes do povo que não representam a vontade popular.

Na grande passeata de hoje, crianças, adultos, jovens, pessoas idosas, gente do campo e da cidade, gente acostumada a ir para manifestações, gente que foi pela primeira vez, tudo isso fez das ruas de Crateús um novo junho de 2013, ou melhor, um 28 de abril de 2017 com a cara de quem decidiu ser protagonista da própria história, e começar a assumir as rédeas de um país que nas mãos corruptas de políticos profissionais só tem significado retrocessos e derrotas, desemprego e destruição do meio ambiente.

E se era Greve Geral, o povo tratou de fechar as portas do comércio. Nada mais justo, afinal, ali estavam trabalhadoras e trabalhadores que decidiram parar de fornecer a força de trabalho para mostrar que sem aqueles braços não há lucro, não há capital, portanto as elites brasileiras que nos respeitem. Alguns lojistas ofereceram resistência, mas isso só serviu pra população canalizar a revolta para tais patrões teimosos. Ali, entre uma massa convicta do que quer para o Brasil e comerciantes que não apenas discordavam daquele movimento, mas queriam do jeito deles demonstrar o posicionamento político simplesmente teimando em não baixar o portão, mais um capítulo da luta de classes fora escrito, com a vitória da classe trabalhadora. Demonstrando, ainda que simbolicamente, como a burguesia se vale do Estado que lhe é subserviente, da Polícia e das forças de Segurança Pública, quando é o caso, mas nada disso é capaz de enfrentar a força do povo unido.

Então as portas vieram abaixo, uma a uma. A cada porta que fechava, cada portão que descia, a centelha de esperança de cada manifestante se somava à chama que já aquece e vai mudar o Brasil. E a luta só está começando.

Por Eraldo Paulino, comunicador popular da Cáritas Diocesana de Crateús.