Desde o ano 2017 a Cáritas Diocesana de Crateús vem executando em 12 municípios dos Sertões de Crateús e dos Inhamuns o Projeto Pescadoras e Pescadores Artesanais, Construindo o Bem Viver nos Sertões de Inhamuns e Crateús, com o objetivo de reafirmar e visibilizar a identidade dos e das pescadoras do território, além de evidenciar e reconhecer o papel da mulher dentro do universo da pesca artesanal.
Entre novembro e dezembro do ano 2019 foram entregues nos 12 município de atuação 1.052 kits de linhas, para a confecção de redes de pesca, beneficiando 250 pescadoras/es artesanais que puderam ter novamente contato com uma sabedoria popular que um dia era repassad de geração em geração, e que agora é novamente acessível. A entrega do material também contribuiu para a renda das famílias. O projeto é uma realização da Cáritas Diocesana de Crateús, em parceria com o CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores), CISV (Comunità, Impegno, Servizio e Volontariato) e co-financiado pela União Europeia
“Cada rede de 100 metros que produzimos nos permite economizar um valor de R $60,00, que diante da crise que estamos passando é uma poupança a mais que pode ajudar a renda das famílias”, reconhece seu José Ribamar do Nascimento, coordenador geral da Colônia Z-58 da comunidade Flor do Campo em Novo Oriente. Ele destaca a importância econômica de saber costurar as próprias redes da pesca. “Além das linhas, foram entregues outros materiais úteis para o beneficiamento do pescado e para a venda, como canoas, embaladoras, balanças, picadoras, facas e isso tem sido bastante útil para todas e todos nós”, concluiu.
Essa ação também valoriza a essência da cultura do artesanato e das tradições centenárias das comunidades pesqueiras, que são transmitidas de geração em geração em algumas comunidades, mas outras acabaram perdendo esse tipo de prática. Esta ação também representa um estímulo à atividade produtiva e fortalece a segurança alimentar das famílias pesqueiras. O uso das redes da pesca é fundamental para o exercício da profissão, porém, muitas famílias vivem uma situação de vulnerabilidade econômica que não lhes permite adquirir toda a ferramenta necessária para o desenvolvimento da atividade.
Em grande parte dos casos, adquirir esses conhecimentos antes da chegada da pandemia, contribuiu muito para a sobrevivência de famílias de pescadoras/es artesanais durante a enorme crise econômica que se agravou durante a pandemia de Covid-19.
Por Angelica Tomassini e Eraldo Paulino, comunicadores da Cáritas Diocesana de Crateús