Pescadores e pescadoras artesanais, representantes do poder público de Ipaporanga, entidades, e Cáritas de Crateús se reuniram nessa terça-feira, 15  de outubro, em uma mesa de negociação para instituir um diálogo acerca da pesca artesanal que possa garantir os direitos da categoria.

O conceito de cidadania sempre esteve fortemente ligado à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração.

Esse exercício da democracia, não é uma prática inata mas um processo que tem dinâmicas muito complexas, e que hoje em dia resulta muito fragilizado com o gradual afastamento dos sujeitos de direitos da política. 

Se cidadania não é algo acabado, pronto mas algo que se constrói a partir das interações entre as pessoas, os grupos de interesses e o poder público, as mesas de negociação são um bom instrumento para essa construção. No município de Ipaporanga, o projeto Pescadores e Pescadoras construindo o Bem Viver, vem construindo uma metodologia de trabalho junto ao povo dos açudes para o exercício pleno da cidadania e para o empoderamento deles e delas na reivindicação das pautas. 

O primeiro passo para chegar a mesa foi a construção dos PDLS, Planos de Desenvolvimento Local Sustentável, um instrumento experimentado pela Cáritas, cuja lógica de construção se fundamenta no diagnóstico das vocações locais, dos problemas e das ameaças.  Com o PDLS pronto, os pescadores e as pescadoras definem as prioridades que querem defender na negociação. Para chegar ao diálogo com os representantes do poder público, são previstas uma série de atividades para envolver pescadores e pescadoras diretamente em todas as fases dos processos de organização, mobilização, negociação e pós-mesa.

A mesa

No processo de mobilização para a mesa, a técnica que acompanha o município de Ipaporanga, Fátima Veras, construiu junto as pescadoras e os pescadores o mapa das demandas solicitadas que foram apresentadas e discutidas na mesa na frente do chefe de gabinete, Cleoto Bezerra, a irmã Socorro da paróquia central, Jonas Carvalho do Sindicato dos/as Trabalhadoras/es, Ghefferson de Sousa Mendes do  MDV, Movimento em Defesa da Vida. Estava presente também o repórter Rodrigo Bala, da Radio A voz do Povo, que sempre dedica espaço as atividades do projeto e as comunidades. 

A pescadora Rozangela Soares, foi a primeira a falar sobre a solicitação de um atendimento odontológico mensal específico para quem pesca.  O chefe de gabinete respondeu que será atendida a demanda após de um diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde para verificar a disponibilidade.

“Estou muito feliz, consegui falar na frente do poder público, isso não ia acontecer sem o suporte do projeto e dos técnicos, me sinto mais empoderada” declarou a pescadora.

Foi discutido também o tema importante da água no município e a possível ampliação da caixa d’água do bairro São José. “O fato que a água não é cobrada provocou a falta de manutenção, a prefeitura está já estudando um plano para dar um solução e melhorar o abastecimento” afirmou Cleoto.

Essas, entre outras, foram as demandas apresentadas com muito entusiasmo e energia pelos mesmos pescadores e as mesmas pescadoras que hoje conseguem  negociar as demandas diante dos poderes públicos, aumentando a autoestima, a consciência crítica, a pertença comunitária e a cidadania ativa. 

Por: comunicação Cdc

Fotos:  comunicação Cdc