Por Angelica Tomassini, comunicadora popular da Cáritas Diocesana de Crateús e Fátima Veras, técnica do Projeto Pescadoras e Pescadores Artesanais: construindo o Bem Viver nos Sertões de Crateús e Inhamuns
Na última quarta, 09, a equipe do Projeto Pescadoras e Pescadores Artesanais: construindo o Bem Viver nos Sertões de Crateús e Inhamuns, realizado pela Cáritas Diocesana de Crateús (CDC), em parceria com a CISV e o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e Co-financiado pela União Europeia, terminou o processo de avaliação que cada ano é feita pelas e pelos beneficiárias/os do projeto. Nas reuniões realizadas virtualmente, foram feitas reflexões sobre conquistas e desafios neste ano marcado por pandemia, mas também por um bom inverno e construção de novas perspectiva de atuação.
Adriano Leitão, coordenador do projeto, Fátima Veras e Marcel Melo, técnicos de campo, facilitaram uma roda de conversa onde os cuidados com a vida foram o fio condutor deste bate-papo, caracterizado por uma escuta fraterna, uma acolhida sincera e o fortalecimento dos vínculos de amizade. As pescadoras e os pescadores partilharam suas preocupações devido à pandemia, mas também celebraram o ano que está a concluir e que foi caracterizado por momentos que trouxeram alegria e entusiasmo. A pescadora Valdirene Alves, moradora da comunidade de Piçarreira em Nova Russas contou que o seu filho voltou para casa depois de anos que estava no Rio de Janeiro, e relata “eram quatros anos que não via ele, essa visita me deixou o coração cheio de felicidade!”
O pescador Edicarlos Cavalheiro, da comunidade São Cipriano no município de Parambu, celebrou o inverno. Disse até que há muito anos não via tanta chuva. “No meio de tanto pavor por causa da pandemia, quero ressaltar que a gente tem que ser grato, nossos açudes estão cheios depois de cinco anos, os pescadores e as pescadoras estão pescando, é uma bênção grande!”, comemora com a voz trêmula de emoção. Houve quem partilhasse a conquista de um sonho da vida, como a pescadora Cláudia Lima da comunidade de Piçarreira em Nova Russas, que esse ano, após muitos sacrifícios, conseguiu abrir no município onde mora o restaurante/pousada que sempre desejou. Yasmina Bezerra, de Crateús, estagiária de psicologia na Cáritas Diocesana de Crateús compartilhou o orgulho em si mesma para ter chegado ao último ano da faculdade e acrescenta, “estou tão feliz de ter me aproximado da Cáritas! Tenho certeza que vai ser uma experiência de muito aprendizagem para minha vida pessoal e profissional”, prevê.
Partilhar as conquistas da vida significa celebrar quem somos e compreender a pesca artesanal, a luta quotidiana das pescadoras e dos pescadores de açude nos faz mergulhar nessa imensidão de saberes que esse povo tradicional tem e que nunca cansa de compartilhar com os outros. O 2020, além de trazer adversidades, também trouxe o impulso para resistir e ficar unidos, apreciando as pequenas coisas como a família, as amizades, as paixões. Deu o incentivo para cuidar mais que nunca da saúde física e mental e puxou para seguir em frente na mobilização da luta por mais direitos e para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades pesqueiras. No ano que está a chegar, que será também o ano de conclusão do projeto, pescadoras e pescadores junto com a CDC continuarão a semear o Bem Viver na partilha e na solidariedade com a luta por uma vida digna e sustentável.
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