Na perspectiva de propor alternativas concretas de produção de energias renováveis, foi realizado na manhã de hoje (09/11), na sede da Cáritas de Crateús, seminário sobre viabilidade de energia solar para agricultura familiar camponesa no Semiárido. Com facilitação do professor doutor Firmino Canafístula, titular a Universidade Federal do Ceará (UFC), participaram agricultores/as familiares, representantes da Coolimel de Parambu, Sindicatos de trabalhadoras/es rurais de Ipueiras, Ipaporanga, Independência e Novo Oriente, Secretarias municipais de agricultura de Novo Oriente, Instituto Agropolos, EFA Dom Fragoso, IFCE-Campus Crateús, Associação Caatinga, Cáritas Diocesana de Crateús e Instituto Bem Viver, que animou o evento.
“Foi enriquecedor, porque nós pudemos apresentar possibilidades de geração de energia limpa e renovável a um custo acessível. Foi gratificante contar com a participação de representantes do público que a gente quer atingir”, comentou o professor Firmino. Segundo ele, a tecnologia com a qual ele vem trabalhando já não tem a mesma dificuldade de durabilidade e manutenção que possuem sistemas que carecem de baterias, e com o crescimento de solicitações de sistemas a tendência é ter o preço de mercado cada vez mais acessível. O valor do investimento gira entre R$ 1 mil a R$ 12 mil, sem necessidade de manutenção das placas que captam a energia solar por até 22 anos.
Professor Firmino ajudando as/os participantes a expandir ideias
Ademar Loiola, presidente da Coolimel – maior produtora de mel do Ceará, localizada no município de Parambu, acredita que a utilização desse sistema para irrigação, resfriamento de produtos e outras finalidades, pode contribuir ainda mais para o desenvolvimento da agricultura familiar da região. “Achei muito interessante. Nós já trabalhamos com biodigestor, que é uma maneira sustentável de produzir gás de cozinha a partir do esterco suíno ou bovino, e queremos agora investir em energia solar. Contamos que o Projeto Paulo Freire, que é executado em nosso município pela Cáritas de Crateús, nos ajude a contemplar algumas famílias com esse sistema”, ponderou Ademar.
INSTITUTO BEM VIVER NA VANGUARDA NO USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATURAIS
O Instituto Bem Viver já é uma referência no uso sustentável de recurso naturais. Pioneiro em terras cearenses na implementação de sistemas Bioágua Familiar para famílias camponesas, também já implementou em parceria com a CDC, no meio urbano, o sistema de reuso de águas cinza (reaproveita águas que descem os ralos de lavagens domésticas). A própria Cáritas utiliza um sistema experimental que hoje faz com que 100% da água utilizada em descargas, lavagens de calçadas e para regar plantas seja “água cinza reciclada”, poupando, assim, água potável para outros fins.
“Nós conseguimos um aditivo junto ao Programa de Pequenos Projetos Ecossociais para implementar, já nas próximas semanas, quatro sistemas bioágua que, a partir da contribuição do professor Firmino, já utilizarão bombas hidráulicas funcionando com eletricidade gerada por energia solar”, anunciou Mardones Servulo, diretor do IBV. Ele ressaltou a importância da parceria com a CDC nesse processo, que é um dos caminhos para construir concretamente uma sociedade de Bem Viver.
Lucieudo Gonçalves, também diretor do IBV, exaltou o caráter simbólico dessa ação. “O Primordial aqui é apresentar uma alternativa de convivência com o Semiárido que consiga aproveitar ao máximo os recursos hídricos, que para nós não são tão abundantes, ainda mais convivendo com seis anos de seca; e ao mesmo tempo aproveitar energia solar, disponível em nossa região mais do que em qualquer outra do Brasil, dado o período de vários meses sem chuva pelo qual passamos todos os anos, uma peculiaridade do nosso clima”, argumentou.
COERÊNCIA
Além do reuso de águas cinza para descargas e lavagem de calçadas, a sede da Cáritas de Crateús já utiliza energia solar. Para além da economia nas contas de água e luz, é uma forma de dar testemunho de que só teremos uma sociedade de Bem Viver no momento em que estivermos dispostas e dispostos a repensar e refazer nossas práticas.