Uma Mostra de Filmes, que através da arte e cultura, leva a comunidade um diálogo aberto sobre gênero, liberdade, igualdade e a garantia de direitos das mulheres!
Ocupando dois horários da programação da XIV Feira de Agricultura Familiar, a Caravana CineGênero – 10.000 km de distância, fez sua primeira parada em Crateús, nos dias 07 e 08 de junho, trazendo para as rodas de conversa, filmes recém-lançados que tratam sobre o combate ao assédio, ao preconceito, ao machismo que ainda é predominante na sociedade, como algo naturalizado ou culturalmente aceito. Com o intuito de permitir a reflexão e o debate entre os mais variados públicos da Feira, a mostra de filmes foi aberta ao público e com exibição em dois locais diferentes, pela manhã dentro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE/Crateús, e a noite, no Teatro Rosa de Moraes, na Praça Gentil Cardoso.
A estreia da Caravana, contou com filmes como o Chega de Fiu Fiu, que teve estreia no mês de maio em São Paulo e trata sobre a constante violência de gênero em espaços públicos urbanos, além de documentários como “Mulheres das Águas”, que retrata a vida e a luta de pescadoras nos manguezais do Nordeste do Brasil, e, o longa-metragem “Arpilleras: Atingidas Por Barragens Bordando a Resistência”, ganhador doprêmio de melhor documentário nacional pelo público no 44º Festival Sesc Melhores Filmes, em abril deste ano.
Representantes da militância e de movimentos sociais dentro da temática de cada filme, contribuíram com os debates realizados junto ao público, e enriqueceram o diálogo de desconstrução de posturas e comportamentos nitidamente demarcados como regra para homens e mulheres. Entre os participantes, a militante Maria Beatriz Brito, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Professor de Psicologia da Faculdade Princesa do Oeste (FPO/Cratéus), Kévin Batista, estiveram à frente das discussões, pontuando sobre os caminhos para combater atos e discursos que reforçam a cultura machista.
“A discussão que estamos fazendo nesse espaço é muito essencial e necessária, mesmo vendo um filme de 1996, como o Documentário – Gênero, Mentiras e Videotape, o debate é muito atual, mostra uma construção histórica, que faz parte de narrativas de sistema de opressão, mas com esse diálogo nós vemos que é possível criar novas narrativas, mais igualitárias, com mais acesso aos direitos, mais humanas posso dizer, são discussões que precisam continuar”, ressaltou Kevin Batista.
Durante a exibição do documentário “Mulheres das Águas”, a roda de conversa teve a presença das pescadoras da região, que compartilharam suas experiências de luta cotidiana contra o machismo e o preconceito.
“Eu gostei muito do filme, adorei, chega me emocionei! É muito bom ver essas mulheres, que como nós, são pescadoras, que metem a mão na lama, sem ter nojo de nada, elas são lindas. Nós vimos também outra realidade das pescadoras de outras regiões, tem coisas diferentes do que fazemos, ainda existe muito preconceito com as mulheres pescadoras, às vezes até de promotores, dizem que as mulheres não fazem nada, então é bom que as pessoas possam ver nosso trabalho”, disse a pescadora de Novo Oriente, Elisângela Oliveira.
Para Viviana Pittalis, da CISV, organização italiana parceira da Cáritas Diocesana de Crateús na execução do projeto que acompanha pescadores e pescadoras da região dos Inhamuns Crateús, ter um espaço para falar do papel da mulher na sociedade em geral já é muito importante para as discussões de Gênero, e para as pescadoras, foi um momento significativo e de valorização do trabalho que elas realizam.
“Esse momento está sendo muito precioso, principalmente para as pescadoras, o papel da mulher na pesca, é um papel atualmente invisível e não reconhecido, nem pelo Estado, nem pela sociedade, e até mesmo pelos pescadores e pescadoras. Então, aqui elas puderam ver experiências de outras mulheres, de outros Estados, ver que a luta que elas enfrentam, é a mesma luta de outras pescadoras, não é algo tão distante, e elas conseguiram compartilhar também aspectos do dia a dia delas, e do que significa ser mulher na pesca aqui no interior do Ceará”, enfatizou Viviana.
Por: Gabriela Martins – Assessora de Comunicação da We World Brasil