Acumulo saudades fortes de dias de chuva e cheiro de café, porque aqui é bem diferente, tenho lonjuras constantes e me atrevo a espaçar as retinas e descortinar cosmos constantemente, fuga ou descoberta, não sei ao certo o que se passa em mim e viajo por isso, me reconheço em lugares e caminhos. Quando estrado meus pés pelos asfaltos daqui – ou como diria um amigo “do mêi do mundo” – eu me sinto tão, eu me sinto também sertão.
 
Sorrio quando sopra o vento dos quilômetros de mato, que pareço o menino entusiasmado, aprendendo a firmar os pés na areia fofa da praia de sepetiba, segurando a mão do pai, vacilante aos olhos da mãe, trôpego, como ainda hoje, mas a época pela difícil harmonização das ações dos músculos em adaptação a praia, hoje, apenas a energia cinética em inconsonância com as pulsões cerebrais, meu corpo, as vezes, não é tão. Sepetiba e Quixeramobim estão há 1 metro e 80 centímetros de parecenças e com 120 quilos de distância e ainda precisa emagrecer.
 
E sofro de azias regulares, durmo tarde e acordo cedo, moro em um prédio antigo, num bairro novo de uma capital e vivo entre o urbano e rural, sou meio traço de inteiro sou inteiro risco pela metade, fatiado e confuso, amando tudo que toco, espaventado com os punhados de sorrisos que ganho ao chegar na porta de um Raimundo, Francisco, Das Dores, De Fátima. Uma tapioca com manteiga, carimã pra adoçar a boca sulista de alma confusa e obliqua. Me refaço em cada pincelada de verbo trocado à porta de uma casa sertaneja.
 
Brejeiro embora não traço no sotaque um arrastado ou um corte seco, arre égua, sou eu mesmo, sem espelho que é pra não cair do compasso! Então agora, aqui, desaproprio um pedaço de chão no espaço, 20 hectares de mega bites sem pasto que é pra criar nuvens e alimentá-las de verbo que é pra quando ela crescer a gente poder montar sem cela, só nas espumas, cúmulo nimbos, transformando tudo em tempestade.
 
*Alexandre Greco é comunicador popular do CETRA