A Cáritas Diocesana de Crateús (CDC) comemora 10 anos de fundação em 2015. O lançamento desse ano celebrativo foi realizado durante a cerimônia de abertura do Intercâmbio em Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido (ECCS), evento organizado pela Cáritas Brasileira (CB) em parceria com a CB Regional Ceará e a CDC para ser experienciado o acúmulo nesse modo de viver a educação em várias escolas públicas dos sertões dos Inhamúns-Crateús. O evento será vivenciado no período de 25 a 27/03. Durante a manhã desta quarta, além do momento orante dedicado à história da entidade anfitriã, com lançamento da logomarca comemorativa, oração e programação da celebração anual, também foi feita análise da conjuntura da educação no Brasil e no Semiárido facilitada pelo professor Elmo de Sousa Lima, doutor em educação e professor da Universidade Federal do Piauí.
A primeira parte da manhã, foi dedicada a cada comunidade acompanhada, com cada parceiro, cada parceira, cada voluntário e voluntária, cada retalho que compôs a história da Cáritas de Crateús. Se há um lugar de destaque no tecer da experiência da CDC nessa primeira década de existência é a costura da educação contextualizada. Atualmente ela acompanha “a experiência mais consolidada das Cáritas do Brasil na perspectiva de território”, segundo Luiz Claudio Mandela, membro da coordenação colegiada da Cáritas Brasileira. Por isso foi muito oportuno realizar o lançamento durante o intercâmbio, pois é uma maneira também de “prestar contas do que se acumulou durante a nossa caminhada, de compartilhar com nossas irmãs Cáritas dos regionais onde há trabalhos pela convivência com o Semiárido”, explicou Adriano Leitão, coordenador do projeto “Educação Contextualizada no Sertão do Ceará” realizado pela Cáritas de Crateús e patrocinado pela Petrobras, beneficiando mais de cinco mil educandas/os em cinco municípios da região.
“Quando a Cáritas chegou a nossa comunidade, ela conseguiu plantar uma semente e hoje temos lá árvores frutíferas. Vários grupos produtivos, uma organização que nos permite, mesmo nesses anos difíceis de seca, continuar produzindo”, testemunhou Giovane Carvalho, líder da comunidade Irapuá, em Nova Russas, uma das comunidades de referência no que tange o acompanhamento da CDC a comunidades rurais. Também foi partilhada a experiência exitosa das mesas de negociação, das escolas de cidadania, do voluntariado e do trabalho com mulheres. Ou seja, dos vários tecidos que compõem o retalho construído a várias mãos nesses 10 anos. “Iremos realizar um ano de escuta, onde tentaremos colher de várias pessoas, seja de grupos acompanhados ou de organizações parceiras opiniões sobre quem e como somos. Nosso objetivo é construir uma perspectiva do que seremos nos próximos 10 anos”, resumiu Adriano. Participaram desse momento orante, além das/os participantes do intercâmbio, representantes de várias entidades parceiras e de grupos acompanhados da Cáritas de Crateús.
A história da Cáritas de Crateús sendo contada no momento orante
INÍCIO DO INTERCÂMBIO
Após a benção de Dom Ailton Menegussi, bispo da Diocese de Crateús, deu-se início às discussões temáticas do intercâmbio. Mandela fez uma retrospectiva do acúmulo da Cáritas Brasileira no que diz respeito à convivência com o Semiárido, e ajudou às/aos participantes a compreender qual lugar estratégico a Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido (ECCS) ocupa dentro dessa política. “Durante o congresso [da CB] em 1999, nós aprofundamos uma conversa iniciada ainda nas campanhas pra enfrentar as consequências do [fenômeno natural] El Niño. Depois disso criamos da Política de Convivência com o Semiárido e de lá pra cá vimos acumulando diversas experiências em várias Cáritas e entidades membro nessa área. Consolidar a experiência da ECCS é um dos nossos desafios estratégicos, por isso estamos aqui”, argumentou.
Em seguida foi realizada a análise de conjuntura sobre a educação no Brasil, facilitada pelo professor Elmo. Já no período vespertino é vivenciada uma reflexão sobre “Desafios e Estratégias da Educação Contextualizada”, facilitada por Edineusa Sousa, educadora do Instituto da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), organização referência para o Brasil em relação a esse assunto, e grande incentivadora e formadora na fase seminal da experiência dos Inhamúns-Crateús. Na conclusão do primeiro dia será apresentado vídeo de sistematização da experiência da CDC em ECCS. Durante os dias de quinta e sexta-feira, participantes conhecerão escolas onde essa ação é vivida na prática, seguida de partilha.
Por Eraldo Paulino, comunicador popular da Cáritas Diocesana de Crateús.