Movimentos e pastorais sociais saíram às ruas de Crateús na manhã de ontem (10/09) durante a realização do 21º Grito dos Excluídos e das Excluídas. O evento que tradicionalmente ocorre no dia 7 de setembro, para ser um contraponto ao Grito do Ipiranga – pois tais organizações consideram o Brasil ainda distante de ser plenamente independente do imperialismo internacional -, neste ano a atividade se deu em consonância com a pauta estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e culminou com a ocupação da agência local da Caixa Econômica Federal, num protesto contra os ajustes fiscais do Governo Federal, e em defesa de maior celeridade nos processos de construções de casas populares pelo programa Minha Casa Minha Vida.
“Que os ricos paguem a conta pela crise que eles criaram e não a classe trabalhadora!”, argumentou Manoel Sobrinho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais e de Agricultores e Agricultoras Familiares de Crateús. Já Francisca Erbênia Sousa, coordenadora da Cáritas Diocesana de Crateús, lembrou do caráter profético dessa atividade, experienciada em consonância com o que Jesus nos ensinou nos Evangelhos. “Deus nos convida a caminhar para a libertação, para a terra onde corre leite e mel, e para isso precisamos romper com esse modelo de desenvolvimento e com essa mídia que nos oprime”, denunciou. O Grito deste ano trás como tema “Vida em Primeiro Lugar” e como lema “Que país é esse que mata a gente, que a mídia mente e nos consome?”
Após vários minutos de negociação entre uma comissão de manifestantes e a gerência da Caixa Econômica, ficou acordado que haverá novas mobilizações caso a presidenta Dilma não assine o programa “Minha Casa Minha Vida 3”, o que, segundo o representante da estatal, ocorreria em breve. Dia 25 de setembro haverá reunião regional com representantes dos movimentos e do Poder Público para discutir a celeridade da construção de casas no meio urbano, mais especificamente da comuna Gerard Fabert, em Crateús – cujo processo agora só depende da ordem de serviço e liberação de recurso -, e da comuna Irmã Dorothy, em Tamboril – que ainda depende da elaboração do projeto. “Neste encontro também se discutirá construção de novas casas no meio rural e de reformas nas casas em assentamentos mais antigos”, concluiu Pedro Neto, da direção estadual do MST.