Sistema em faze de implementação na comunidade Santo Antonio. Fase de construção do filtro.

“O projeto do Bioágua vem fortalecer a minha família com reaproveitamento de água da pia, que a gente jogava fora. Isso pra mim é muito importante, porque eu tinha muita vontade de fazer uns canteiros aqui no meu quintal, mas por causa de tá com quase cinco anos de seca ficava muito difícil.”, testemunhou a educadora Gizelia Martins. Moradora da comunidade Santa Maria, em Quiterianópolis, ela é membro de uma das 13 famílias contempladas pelo projeto “Quintais Produtivos Mantidos pelo Sistema Bioágua Familiar”, realizado naquele município pelo Instituto Bem Viver (IBV), organização construída basicamente por ex-educandos da Escola Família Agrícola Dom Fragoso que é atualmente uma referência em reuso de águas cinzentas nos sertões dos Inhamuns e Crateús.

Também foram beneficiadas as comunidades Alegre, Caeiras, Ipueiras, São Pedro, Baixio, Gavião, Santo Antonio, Malhada dos Malaquias e Baixa Grande. Segundo Lucieudo Gonçalves, Coordenador de Projetos do IBV, a fase de construção física dos sistemas está praticamente concluída, faltando apenas a conclusão da cobertura em algumas localidades. “Esse tipo de tecnologia começou a ser utilizado no Rio Grande do Norte, pelo Projeto Dom Helder Câmara e Assessoria, Consultoria e Capacitação Técnica Orientada Sustentável (ATOS), mas nós fizemos uma adaptação para a região. Diferentemente de lá, que constroem o tanque usando fôrmas de manilha, aqui nós fizemos com placas de concreto, semelhante às das cisternas. Outra alteração foi no tanque de gordura, pois o original é PVC e aqui optamos por uma de alvenaria, da mesma forma eficiente e de menor custo”, ponderou.

Essa é mais uma iniciativa que mescla sabedoria popular e científica, numa mesma ciranda de direitos conquistados. Na região que mais tem aprendido a conviver com a escassez d’água, essa inovação tecnológica tem chamado a atenção de muitas organizações que trabalham e/ou promovem educação para convivência com o Semiárido. “Nós Já recebemos visitas da Associação Caatinga, de Crateús, e da Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural do Ceará, para troca de saberes”, comentou Lucieudo.

PATROCÍNIO E PARCERIAS

Mas até o momento em que tal sistema passe a ser política pública, há um longo caminho de conquistas a ser percorrido. Para beneficiar famílias camponesas de agricultoras/es familiares, esse sonho só foi possível graças ao patrocínio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)GEF, do Fundo AmazôniaTFCA, por meio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais, gestados e coordenado no Brasil pelo Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN.

A ação também conta com a parceria de diversas organizações. Entre elas, Associação dos Agricultores Familiares em Quintais Produtivos de Quiterianopolis (ASAFAQ), Associação Comunitária Nascente do Rio Poti (ACONARP), Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Agroecologia da UFERSA, Sindicato das/os Trabalhadoras/es Rurais de Quiterianópolis e Caritas Diocesana de Crateús com quem firmou-se compromisso estratégico de associar os sistemas com a proposta de Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido. 

CONTINUIDADE

“Antes da instalação do sistema nós oferecemos formação para as famílias e comunidades beneficiadas. Ainda Teremos duas formações, uma voltada para acessar programas governamentais para venda de produtos da agricultura familiar e outra sobre cuidado com alimentos”, pontuou Mardones Servulo, secretário do IBV. Segundo ele, o Instituto tem o compromisso de acompanhar agricultoras/es familiares na região, especialmente em Quiterianópolis e Ipaporanga, sendo o projeto Bioágua mais uma ferramenta na construção do Bem Viver nos sertões dos Inhamuns e de Crateús.

Tecnologia implantada na comunidade Malhada dos Malaquias

Construção do tanque de reuso na comunidade São Pedro