1
Cisterna de plástico
Tornaste veloz
Desastre pra nós
você me perdoe
teu plástico arrepia
nos traz agonia
nem a simpatia
não há quem te doe.
2
Tua presença
Enfeia a morada
Ficaste engelhada
Exposta ao sol
És feia na foto
Os defeitos que boto
Num livro não noto,
Não cabe em paiol
3
Tu és ameaça
A mãe natureza
Só as empresas
Te estendem a mão
Pareces um bicho
Vieste a capricho
És um monte de lixo
Que polui meu sertão
4
Cisterna de plástico
De ti tenho pena
Uma cibalena
É mais do que tu
Tu és a preguiça
Do poder a maliça
Tu és a carniça
Que não come urubu
5
Falta a você
O sabor do suor
Pra mim é melhor
O que agente constrói
representas o beijo
Do poder malfazejo
Eu quando te vejo
O peito me dói
6
Mesmo com água
Você é vazia
Te falta alegria
Te falta amor
Tu és só contrato
Te falta o trato,
A troca, o contato,
O humano calor
7
Cisterna de plástico
Teu implante é falho
Não geras trabalho
Não tens mutirão
Não tens amizade
Solidariedade,
Com você na verdade
Não se partilha o feijão
8
Por isso te falta
O zelo, o carinho.
longe do ninho
o povo te quer
em tua conduta
você não escuta
enfraquece a luta
de homem e mulher
9
Pra ilustrar bem
O que você é,
E toda a fé
Que o povo de bota,
Relato a usura
A ditadura,
A triste postura
De quem te adota.
10
Organizaram um dia
Grande manifestação
em uma região
Pra mostrarem teu bem
distribuíram na praça
barris de cachaça,
Comida de graça
Mas não foi ninguém.
11
Te espalharem
É sim, opressão,
É a sujeição,
é grande baderna
por isso se ver
alguém receber
e logo vender
a sua cisterna.
12
Em uma cidade,
Conta o boato,
Que triste fato
Acabou na cadeia
Pois pra foto tirar
Alcy Lucimar
Opôs se achegar
A coisa tão feia.
13
Representas o grande
O poder que usa
E o povo abusa
comprando o voto
Por isso que Berna
Que é manco da perna
Pegou sua cisterna
E trocou numa moto
14
Cisterna de plástico
Quem te defende
Não compreende
O lado que estais
Representas o rico
O falso o fuxico
Não vale um pinico
És o satanás
15
E ainda você
É muito mais cara
Embora que é rara
A tua valia
Tu segue tua saga
De historia vaga
O governo paga
Mesmo a revelia
16
Tua construção
Ninguém admira
Na verdade tu tira
De muitos o pão
Teu corpo é bombástico
O implante é drástico
Cisterna de plástico
Não vale um tustão.

*Manoel Leandro é arte-educador na região do Cariri-CE, e agente da Cáritas Diocesana doCrato.