Agricultoras e agricultores de Ipaporanga e Ararendá participaram do Intercâmbio de Experiências: Reuso das Águas Cinzas nessa quinta-feira, 15 de março. A palavra mutirão foi escolhida para dar inicio ao dia e sublinhar que esse não é um presente individual, mas do esforço comum para dar vida a uma alternativa aos agrotóxicos e aos monocultivos a partir do reaproveitamento da água da louça, do banho, da máquina de lavar e com isso fortalecer a segurança alimentar e tentar reforçar o poder da produção agrícola.

Em um território ameaçado pelos grandes projetos e a mineração, o desafio da mudança climática que provocou uma das maiores seca da história, o bioágua pode representar uma forma de resistência e convivência com o semiárido.  “Quando recebi o bioágua não sabia que ia me apaixonar pelas plantas, agora estudo na EFA, e quero saber sempre mais e mais”, comentou Daniel.

A agricultora Maria Gomes Sousa, mãe de Daniel, que passou a vida toda no campo, mostrou orgulhosa as novas plantações as agricultoras e aos agricultores que vão receber o sistema, enquanto Daniel mostrava como funciona o reuso da água e a produção do esterco. Além disso, Daniel mostrou a produção de adubo através do minhocário. 

Para a agricultora de Ararendá, Maria de Fátima Bezerra da Silva, o sistema de reuso vai transformar a vida dos agricultores e agricultoras da região: “vai a mudar a nossa vida, vou produzir no meu quintal para o consumo da família, sem pesticidas, é muito importante o bioágua, é aquela pequena parte que muda as coisas”, afirmou Maria.

Para o agente Cáritas Edevaldo Melo o projeto de bioágua “é um projeto para pintar uma nova cara do Ceará, uma cara que não tem fome mas que tem vida, uma vida construída por comunidades, organizações da sociedade civil e a sociedade em geral”. Ainda durante o intercâmbio, agricultores e agricultoras tiveram um espaço de reflexão, mas também de diálogo, de expor suas ideia e inquietudes.

O projeto é realizado pela CDC e conta com a parceria das Secretárias de Educação e Agricultora e dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais dos municípios de Ipaporanga e Ararendá, o IBV, Instituto do Bem viver, entre outras. 

O projeto

Financiado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), o projeto “Sistema de Tratamento e Reuso de Água Cinza Domiciliar”, visa construir 200 unidades de Reuso de Águas no interior cearense, beneficiando pequenas unidades produtivas da Agricultura Familiar em 29 municípios.  As unidades de reuso de água serão destinadas as famílias produtoras agroecológicas que já tenham as tecnologias de convivência com o semiárido: cisternas de 1ª água do programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e de 2ª água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).

A Cáritas Diocesana de Crateús é responsável pela implantação de 40 tecnologias de reuso de águas. As implantações serão nos Territórios: Sertão dos Inhamuns, Sertão dos Crateús e na Serra da Ibiapaba, chegando atingir seis municípios (Tianguá , Ipaporanga, Ararendá, Ibiapina, Ubajara e Quiterianópolis). 

Por: Lorenza Strano

Revisão: Anita Dias

Fotos: Lorenza Strano